.......A Stavias Stanoski Terraplanagem Pavimentação e Obras Ltda. opera a Pedreira Stavias há 50 anos em Rio Claro, interior do Estado de São Paulo. Atualmente as segunda e terceira gerações administram o empreendimento, com os irmãos Marcus, Fátima e Mônica Stanoski e, mais recentemente, com o Vitor Stanoski (filho do Marcus), que se incorpora ao grupo para dar continuidade ao legado da família e a expansão dos negócios. Vitor assegura que o mais importante é manter o lado humano da empresa, que constitui uma prioridade desde a época de seu avô. Na visão da família, a comunicação com os colaboradores, o fortalecimento dos relacionamentos e o time unido é um diferencial. Com a maturidade do empreendimento e a longa crise que assolou o setor da construção, buscar novos mercados é a meta atual da Stavias. Conheça um pouco mais sobre a história da empresa e acompanhe a entrevista:
.......Revista Agregados SP: Como se deu o início das atividades da Stavias?
....... Stavias: Em 1969, com Osvaldo Stanoski, a partir da prestação de serviços de terraplanagem, pavimentação e infraestrutura. Em 1972 ele adquiriu o sítio “Serra D'Água”, local onde começou a extração de diabásio com o objetivo de uso próprio e comercialização posterior. No mesmo local estabeleceu a sede da empresa, com oficinas de manutenção, almoxarifado, fábrica de tubos e artefatos de concreto, usina de asfalto, controle tecnológico e demais instalações de suporte para a atividade. Na época a empresa contava com aproximadamente 500 colaboradores e tinha filiais em outras regiões.
.......Antevendo a possibilidade de expansão, adquiriu uma nova área para a pedreira, para exploração mineral, a partir de um novo direito minerário. Em 1978 foi fundada a Concrevias, com sua matriz no Distrito Industrial de Piracicaba, a Imovias, imobiliária que administrava os imóveis da Stavias e a STA Viagens e Turismo com sede em Piracicaba e a Fazenda Pontal das Onças em Mato Grosso, com o objetivo de implantar o agronegócio e a criação de gado. Em 1988 Sr. Osvaldo faleceu e os três filhos assumiram a administração da empresa. Depois de anos sem atuar na área de infraestrutura, em 2013 retomou sua vocação para obras, que hoje constitui sua principal fonte de faturamento.
.......Revista Agregados SP: Qual é a capacidade de produção da pedreira, produtos comercializados e número de colaboradores?
....... Stavias: A capacidade nominal de produção da planta é de 50.000 t/mês em um turno de trabalho, mas atualmente nossa produção média é de 35.000 t/mês. Somos em 150 colaboradores diretos, atuando na lavra e beneficiamento, nas atividades administrativa, logística, manutenção e de execução de obras. Os produtos comercializados são os diversos tipos de pedra britada, com destaque para a pedra meia, pedrisco, pedra 1 e bica corrida, bem como, o concreto asfáltico usinado a quente.
.......Revista Agregados SP: O Sindipedras e Sindareia desenvolvem um programa autorregulatório denominado MRP, voltado para o transporte de agregados. Como a Stavias observa esse movimento?
....... Stavias: Participamos com vista à melhoria do mercado. De fato, o programa saiu do papel, porém a adesão dos produtores da região foi pequena. Vemos, isto sim, uma concorrência aguerrida e, em algumas oportunidades, até desleal. Gostaríamos que o Sindipedras estivesse mais ativo no interior, em outras regiões, e não só na Região Metropolitana de São Paulo. É necessário que os empresários tenham conscientização dessa prática e fortalecer a comunicação é indispensável para que os objetivos do MRP sejam atingidos.
.......Revista Agregados SP: Qual é a maior dificuldade em manter um empreendimento de produção de pedra britada no Brasil?
....... Stavias: A falta de uma política econômica consistente por parte do governo é uma das principais. Eles autorizam a linha de crédito para a execução de obras, muitas vezes interrompidas posteriormente, causando transtornos às empresas. Não há uma perspectiva de longo prazo para investimentos em obras, um planejamento bem concebido e executado, por exemplo. As incertezas geradas por essa deficiência no planejamento e baixo volume de investimentos atingem todos, agravadas por excesso de regulamentações pelos órgãos públicos.
.......Revista Agregados SP: A questão de segurança no controle de explosivos tem sido noticiada como um problema das pedreiras, sempre que há uso criminoso. Como a Stavias avalia essa situação?
....... Stavias: A questão posta não é um problema das pedreiras, mas de segurança pública. Cumprimos fielmente as normas estabelecidas pelos órgãos públicos competentes, tanto na estocagem como no manuseio dos insumos. Ainda que tenhamos uma infraestrutura de estocagem tida como fielmente as normas estabelecidas pelos órgãos públicos competentes, tanto na estocagem como no manuseio dos insumos. Ainda que tenhamos uma infraestrutura de estocagem tida como referência, procuramos não manter estoques justamente para evitar sinistros de toda ordem e, deste modo, felizmente, temos conseguido.
.......Revista Agregados SP: Os produtos não comercializados na mineração eram vistos como grandes problemas. A Stavias tem esse tipo de problema ou conseguem dar uma destinação adequada para eles?
....... Stavias: A pedreira não tem produtos não comercializados e nem bota fora de estéril. Todo material processado e britado tem valor comercial e é destinado ao mercado. Inclusive, nossa sinergia com o setor de obras proporciona um aproveitamento pleno de todos os produtos com o setor de obras proporciona um aproveitamento pleno de todos os produtos lavrados e britados.
.......Revista Agregados SP: A Stavias coloca em prática a política de “Mineração de Portas Abertas”, para mostrar suas atividades?
....... Stavias: A Stavias tem uma política que contempla a autorização de visitas, quase sempre de estudantes de universidades, que objetivam conhecer aspectos da geologia da jazida e o processo de lavra. Temos particularmente recebido alunos da UNESP, mas também da UFOP, UERJ, USP, entre outras, normalmente do curso de Geologia. A universidade procura a empresa, passa o roteiro e autorizamos a visita. Não vemos problema nenhum em mostrar a nossa empresa.
.......Revista Agregados SP: A mineração não é uma atividade normalmente bem aceita, embora imprescindível. O que acha que precisa ser feito para que essa avaliação mude?
....... Stavias:A conscientização do empresário em mitigar os danos ambientais decorrentes da atividade e ter um projeto claro para a destinação da cava final. No futuro, a nossa área será um reservatório de água para complementar o suprimento da cidade. Entendemos que os órgãos ambientais têm um papel importante na identificação de usos futuros em áreas mineradas, definindo usos em conformidade com a natureza da jazida explorada.
.......Revista Agregados SP: Fátima e Mônica, as mulheres parecem ter pouca presença e atuação no setor de agregados. Como foi a trajetória de vocês na Stavias? Quais as contribuições mais efetivas na empresa?
....... Stavias:O setor é preponderantemente masculino, já que as atividades envolvem maior emprego de força física, e mesmo pela aspereza do ambiente. Tendo formação acadêmica na área de ciências Humanas (Artes Plásticas e Letras), nossa maior dificuldade foi ter que estruturar nosso pensamento e ações para uma perspectiva mais prática neste ambiente: tivemos que nos familiarizar com os processos de produção e administração, sendo isto o mais difícil. Já a convivência com homens foi mais simples, sendo necessário apenas adotar uma postura mais firme e séria, sem espaços para interpretações. O poeta Paul Valéry tem uma frase que adotamos como princípio: “De todos os atos o mais completo é o de construir”. De forma objetiva e subjetiva, ela tem um significado muito tangível para nós mulheres que atuamos nesta área, pois construindo de fato, construímo-nos a nós mesmas a todo momento, cada dia mais fortes. E construímos as relações entre mulheres e homens de uma forma cada vez menos estereotipada, o que acaba por resultar em maior produtividade e efetividade dos relacionamentos.
O poeta Paul Valéry tem uma frase que adotamos como princípio: “De todos os atos o mais completo é o de construir”.
.......Revista Agregados SP: Deixando de fora questões relacionadas ao mercado de brita em geral, quais são os principais problemas que uma pedreira enfrenta na sua operação?
....... Stavias:As alterações no entorno da pedreira e o crescimento da área urbana. O município de Rio Claro tem uma área limitada, decorrente de sua inserção em reserva ambiental, que impõe restrições a certas atividades econômicas.